A diferença entre preço e valor – Quem não valoriza colaborador, perde para a concorrência

Sou mentora de estudos de diversos(as) estudantes que se preparam para concursos públicos ou estão escrevendo seus trabalhos acadêmicos. Pela aproximação que faço questão de ter com cada um(a), não é raro que acabemos conversando sobre assuntos “da vida”.

Há pouco tempo, um aluno meu veio me relatar uma situação desconfortável. Apesar de seus esforços diários, dos resultados expressivos que ajudava a gerar e do seu comprometimento com os projetos e colegas, sentia que seu trabalho não era valorizado. Constantemente o tratavam como se sua função fosse facilmente substituível e desprovida de impacto real nos lucros da empresa.

Também falava sobre a necessidade de modernizar processos internos para uma melhor organização para todos(as) e ter um cuidado maior com os(as) clientes, mas suas sugestões eram ignoradas. Além disso, defendia a importância de a empresa oferecer oportunidades de educação continuada para todos os funcionários, acreditando que o desenvolvimento profissional da equipe era essencial para o sucesso a longo prazo.

Infelizmente, suas propostas nunca eram levadas a sério e muitas vezes eram ridicularizadas. Seus gestores o viam apenas como mais um funcionário comum, cujo trabalho diário era considerado parte da rotina e não como uma peça-chave para o crescimento da empresa. Para eles, o “preço” de mantê-lo — seu salário — parecia maior do que o valor real que ele gerava. Desmotivado, tomou uma decisão difícil: pediu demissão e resolveu abrir seu próprio negócio.

Um tempo depois, quando seu negócio estava crescendo, uma empresa concorrente e de grande projeção, que conhecia seu trabalho, fez uma oferta irrecusável. Eles estavam atentos aos projetos que desenvolvia e reconheciam a importância de investir em ideias modernas para os clientes. A nova empresa ofereceu não apenas diversas parcerias, mas também o ambiente que ele tanto desejava: colaborativo, inovador e com foco no desenvolvimento contínuo das pessoas. Não demorou muito para que se sentisse valorizado e para que a parceria começasse a render frutos, dando ainda maior destaque ao seu trabalho, graças ao seu comprometimento e visão estratégica.

Preço x Valor: Por que essa diferença é importante?

A situação do meu aluno reflete uma questão fundamental no ambiente de trabalho: a diferença entre preço e valor. Preço é o que se paga, mas valor é o que se recebe em retorno. No caso de uma empresa, o valor está em colaboradores como ele, que não apenas cumprem suas funções, mas também trazem ideias, soluções e estratégias que podem transformar processos e resultados.

Muitas empresas, como essa antiga, do meu aluno, focam apenas no preço, ou seja, nos custos imediatos de manter um funcionário. Não enxergam o potencial transformador que ele pode trazer para o futuro da organização. Meu aluno insistia na importância de modernizar processos e de investir em educação continuada para todos os funcionários, pois eles mesmo era um acadêmico. Ele sabia que uma equipe capacitada é capaz de inovar, de se adaptar a mudanças e de tornar a empresa mais competitiva. Contudo, essa visão não era compartilhada por seus superiores, que não percebiam o valor a longo prazo que tais iniciativas poderiam gerar.

Desvalorização custa caro

A empresa anterior do meu mentorado cometeu um erro grave ao não reconhecer o seu valor. Ao ignorar suas sugestões de inovação e não investir em seu desenvolvimento, acabaram perdendo um talento que poderia ter sido fundamental para o crescimento do negócio. Ao sair, ele levou consigo não apenas sua experiência e habilidades, mas também suas ideias de modernização que, agora, a concorrência está aproveitando.

Além disso, a nova empresa parceira não apenas absorveu um profissional altamente capacitado, mas também alguém com uma visão moderna sobre educação corporativa e eficiência organizacional. Ao implementar algumas das mudanças que ele sugeriu, como a automação de processos e o incentivo ao aprendizado contínuo, a empresa rapidamente viu melhorias nos resultados. Enquanto isso, a antiga empregadora enfrentava os custos de implementar projetos sem um profissional qualificado, como meu mentorado, para dar andamento a atividades que só um especialista como ele poderia dar.

Isso mostra que a desvalorização de um funcionário custa caro. Quando uma empresa não percebe o valor real de seus colaboradores, corre o risco de perder não apenas um bom profissional, mas também o diferencial competitivo que ele pode trazer para a organização.

Conclusão

A história do meu aluno ilustra de forma clara a diferença entre preço e valor. Empresas que se concentram apenas nos custos de manter seus colaboradores, sem perceber o impacto que eles podem gerar no longo prazo, estão fadadas a perder talentos para a concorrência. E, em um mercado cada vez mais competitivo, o diferencial está justamente na capacidade de atrair, reter e desenvolver profissionais como ele, que trazem inovação e propõem melhorias contínuas.

Valorizar os funcionários vai além de oferecer salários justos. Significa ouvir suas ideias, reconhecer suas contribuições e investir no seu desenvolvimento. Quando uma empresa proporciona oportunidades de educação continuada e estimula a modernização de processos, não está apenas motivando seus colaboradores — está preparando o terreno para o sucesso futuro.

No fim das contas, quem não valoriza seus talentos, perde não só bons funcionários, mas também a chance de se destacar no mercado. E, como vimos no caso do meu mentorado, a concorrência está sempre pronta para reconhecer e colher os frutos desse valor negligenciado.

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